domingo, 25 de junho de 2017

Mãe

Mãe,

Como estavas linda! Mas sofrida!
No dia dezoito, naquele hospital
Naquela maca, naquele espaço amoral
Por quê, esperaste  seis horas, para seres atendida?..!!!

Dos meus alertas aos médicos
Sempre a mesma resposta:

_ Havia iguais idades, iguais situações
...Calma, muita calma, poucas atenções
Cada hora, a mais comprida...!

Quando foste atendida,
O relatório que te acompanhava, foi desmentido
Não era pulmão...
Era o sódio, o teu facinoroso perigo!

Por quê, aquela pulseira amarela?
Aquela espera, soltou-te a alma
Abriu-se-te indesejada janela
Mas,
Ainda lutaste
Ainda me ouviste
Ainda, com ténues gestos, me cantaste

Amavas cantar, lembraste?

Serenavas quando a neta te acarinhava os cabelos lindos, em vigília
Sempre foram para ti, as mãos mais doces da família...!

As tuas palavras, bem perceptíveis
“estou e não”
Ficam registadas
Nas minhas gavetas amadas
...Teus lábios e teus olhos, reviviam à minha canção do Sebastião
Cantava-la orgulhosamente a teu neto, na hora da refeição
Ele partilha-a a teus bisnetos e guarda-a eternamente no coração...

Mãe,
Nesse hospital tanto lutaste
Houve momentos que nos brilhaste
Que nos agitaste tua haste
Mas não conseguiste...
E, docemente, a vinte e um partiste...

...MÃE o transcendente, sempre connosco existe.                          2017-06-25                             


Tua filha MG

1 comentário:

  1. Olá Guida,
    Que lindo poema dedicado à tua querida Mãe!! Cada palavra que escreves é tão sentida e escrita com tanto carinho...!!
    Adorei passar por aqui.
    Um grande beijinho.
    patricia

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maria guida