domingo, 13 de fevereiro de 2011

Passagem mistério

Por vezes, na vida                                                      
Que nos vai de fugida
Esquecemo-nos de pensar
Que esta passagem                                    
Tem uma paragem         
Sem ter, volta a dar!

Caprichamos, exigimos e assim sofremos
Correria Egoística? … Enfim vivemos….
Debita-se fazer, afirmamo-nos lei
Personalidades fortes? Matriarcado?
Manias imperiais, hábito zangado?
Espelha-se a arte: _ ”Só eu é que sei!”               
                                                                                                         
Imperativa guarida ao tempo
E este, que não tem tento
Vai beliscando frágil ser
Corpinho forte, perfeito
Adiante, fica sem jeito
E começa a querer doer

Este mistério, lentamente, domina
Revolta, anseia, mas qual morfina!
O império está a desmoronar-se
Não vá esta nova criança lixar-se
_ Eh malta, aqui estou, como é que é?
Eu ordeno e rezo, com muita fé
Eu durmo, mas digo que não
Todos ficam em confusão
Digo que me dói o peito
Ao hospital me levam direito
_ Eu não quero estas dores
Levem-me a muitos doutores
Quero ser nova outra vez
Meu ego não se satisfez

_ Doutores, eu não consigo respirar
Na cama não me posso virar
Ai que arranjei uma boa
Feita molho, dores à toa

Hospital, local triste, causa fria
Horas de espera, quem diria!
Doentes a monte, gemem, queixam
Suas moléstias trocam, dispersam
Estou ansiosa, mas bem instalada
Numa cadeira de rodas, sentada
Empurrada, nesta embrulhada

Gabinetes médicos, na hora do jantar!
Há gritos de dor, famílias a reclamar
Eu?
Continuo forte e aqui espero, sem refilar!

Já fiz radiografia ao peito
Para verem meu defeito
A médica me veio dizer:
_ São uns ossinhos a doer
_ Oh! eu pensei estar partida,
Pois estou toda dorida
Também não oiço doutora
...
_ Eu entendo os seus gemidos
 Leva aqui uns comprimidos.                                                                   
E vai ver como melhora

Por vezes, na vida                                         
Que nos vai de fugida                                                                            
Esquecemo-nos de pensar
Que esta passagem
Tem uma paragem
Sem ter, volta a dar!                                   

13 de Fevereiro de 2011
margui

10 comentários:

  1. Uma poesia em tom coloquial? Está bem, suponho que a fugacidade da vida e aproximação da Voraz velhice não mereça as belas roupagens de elegantes palavras.
    E concordo com esse sentimento.

    Boa semana, Maria Guida.
    Beijinhos

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  2. Fernanda
    :)Isto é um meu contexto de familiaridade.Os quase 90 anos não perdoam e aquele hospital de Santa Maria,continua com muitas falhas...aquelas 5 horas de espera como acompanhante, dão para desabafar no papel...!
    Beijinhos e uma rica semana também para si.

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  3. Pois, parece que as coisas nas urgências, não melhoram não.Será que os nossos governantes também vão a essas urgências?
    Não foste tu que há bons anos atrás fizeste uma reclamação e o hospital te respondeu,com desculpas esfarrapadas mas, mudando-te o sexo?
    Que porcaria de saúde temos!
    Que Deus te ajude!Bem o mereces!
    Beijnhos

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  4. Claro que fui eu! Estava eu na Ponte da Bica!Ehhhhhhhhhh e eu a dizer que não voltava a esse hospital! Ningúém pode dizer nunca.
    E sabes? Até pertenço lá!segundo eles dizem...grrrrrrrrrrrrrr
    Obrigada por tudo.
    Beijinhos e uma boa semana.
    margui

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  5. Guida,
    Quem melhor do que eu para te entender nesta altura?sabes do que estou falando.Foram 8 urgencias em quinze dias dias.Foram horas e horas,exames atrás de exames, mas não me posso queixar do atendimento.A idade dos meus Pais também pesa e o que eu vim a descobrir ainda mais.
    Talvez a unica diferença é que foi noutro hospital.

    Compreendo-te e daqui vai um beijinho.

    aline

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  6. Olá Guida,

    Isto é terrível para uma pessoa com 90 anos...

    Bem tu me disseste na última aula de informática, que tinhas escrito não sei quantas páginas nas urgências do hospital...!!!
    Sim, acredito que 5 horas de espera dão para desabafar no papel...!!

    Bjs e muita paciência!!
    Patricia

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  7. Obrigada pela visita,Patrícia!
    Temos sim que arranjar paciência!
    É a vida.E gracias à la vida!
    Um beijinho carinhoso.
    margui

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maria guida